domingo, 15 de julho de 2007

Irmã Nicole, Cap. V

A manhã daquela quinta-feira cinzenta parecia conter um prenúncio de chuva. O sol não iria aparecer. Irmã Nicole deslocava-se de seu chalé para apanhar seus diários de classe na secretaria. Após recebê-los de Olga, a outra noviça da secretaria, notou por entre as folhas de um deles o que parecia ser a ponta de um envelope. Abriu-o. “Venha, por favor, aos meus aposentos amanhã às 6:30, antes de começar sua aula. Tenho novidades”. No bilhete, a letra inconfundível de Irmã Virgínia. Nicole alvoroçou-se. Dava praticamente como certa a concordância de Madre Louise com o que tinha proposto em relação a Esther. Virginia tinha apenas tentado mostrar alguma dificuldade ao dizer que a questão talvez não estivesse ao alcance de Madre Louise. Ela sabia que estava. Naturalmente a dificuldade visava à obtenção de alguma facilidade. Era preciso usar de estratégia para não ficar nas mãos de Virginia. Não fora suficiente a maneira como haviam rompido há alguns anos, Nicole ameaçando-a com um escândalo que lhe traria consideráveis prejuízos. Sabia que Irmã Virginia ainda nutria algumas esperanças, certamente físicas, em relação a ela, e que não estava inteiramente convencida da separação. Apesar de ser agora amante da diretora e gozar dos privilégios que essa posição lhe concedia.
Sexta-feira era o dia em que as aulas de Nicole começavam às 8:30. Teriam, portanto, bastante tempo para conversar. O dia não tinha sido escolhido por acaso. Seria fácil para Irmã Virgínia desvencilhar-se de Madre Louise, que praticamente deixara todo o gerenciamento do colégio nas mãos da subdiretora. Bastaria alegar a necessidade de uma supervisão repentina nos serviços de limpeza ou na entrada das alunas, com a finalidade de reforçar a disciplina e impressionar os pais eventualmente presentes. Nem todas as alunas utilizavam-se do ônibus escolar.
Olga e Suzana, as noviças da administração, ainda não estavam em seus postos quando Nicole chegou. Eram 6:40. Pensou em esperar pelas duas e apanhar logo seus diários de classe, mas desistiu. Iria chegar muito atrasada ao encontro, começando o enfrentamento com alguma desvantagem. Além do mais, seria melhor que as meninas não soubessem da hora em que havia entrado nos aposentos de Virginia.
A grande porta de madeira no final do corredor estava encostada. Nicole estava sendo aguardada. Do lado direito, a porta trabalhada do apartamento de Madre Louise. O final do corredor estreitava-se, achando-se em seu centro a porta de madeira do apartamento de Irmã Virginia, menos trabalhada e de menor largura. Nicole não precisou bater duas vezes.
-Puxa, pensei que tivesse esquecido!
-Bom dia, irmã. Como vai?, perguntou Nicole, notando o pijama de algodão azul da freira, um pouco amarrotado, e seus cabelos negros, levemente despenteados. Virginia deve ter acordado há pouco, pensou. Será que dormiu aqui?
-Bom dia, Nicole. Vou bem, e você? Entre, por favor. Não vamos ficar na porta, não é? Podemos acordar Madre Louise se conversarmos aqui. Toma um cafezinho?, perguntou Irmã Virginia, trancando a porta logo em seguida.
-Não, irmã, obrigada, respondeu Nicole, aceitando a indicação de Virginia para se sentar no sofá de dois lugares ao lado de uma mesa pequena com duas cadeiras. Percebeu logo o cheiro inebriante de incenso no ar, velho hábito da irmã que ela conhecia tão bem.
Estivera naquele aposento de três peças apenas uma vez. Seus encontros com a ex-amante aconteciam no chalé que ela ocupava hoje e que pertencera à Irmã Virginia. Do sofá onde se encontrava, ela podia ver, pela porta do quarto entreaberta, a cama de casal desarrumada, o edredom e o lençol fino amontoados junto à cabeceira. Provavelmente Irmã Virginia tinha abandonado a cama de Madre Louise mais cedo do que de costume. Nicole não conseguiu identificar o santo retratado no quadro de um fundo azul esmaecido na parede em frente à cama.
Virginia tomou uma das cadeiras da mesinha e a colocou em frente ao sofá onde Nicole se achava, sentando-se em seguida. As pernas volumosas afastadas, um pedaço do cordão da calça do pijama aparecendo, e dois botões fora de suas casas no paletó do pijama, mostrando a pele alva do abdômen da irmã e os pelos negros que lhe chegavam ao umbigo. Nicole já havia se esquecido desse detalhe, que lhe costumava ser de irresistível atração na presença do corpo seminu de Virginia, além do olhar dominador sugerido por aqueles olhos incrivelmente azuis. Procurou fugir daquele antigo interesse, esforçando-se em reparar o mais discretamente possível a maneira como Irmã Virginia viera recebê-la.
-Tenho boas notícias, Nicole. Madre Louise concordou com a idéia de aproveitar Esther na secretária do colégio, disse Virginia, procurando ajeitar os cabelos com as mãos.
-Que bom, que bom. Ela merece. É uma boa menina e uma excelente aluna.
-Insisti para que Madre Louise não submetesse a questão à decisão da Congregação em Princeton. Nós temos alguma autonomia. Além do mais, o que é uma aluna dormir aqui uma ou outra noite, eventualmente, quando já tivemos oportunidade de abrigar mais de cinqüenta sob o regime de internato?
-Se bem que o internato já não existe há alguns anos, observou Nicole.
-E vai continuar não existindo. Até porque Esther não dormirá aqui habitualmente. Aliás, espaço é o que não falta. Ela poderá ficar no dormitório das noviças, quando houver a necessidade.
-Sem dúvida. Tenho certeza de que não haverá problema de adaptação.
-Também acho, mesmo porque será uma noite ou outra, uma situação esporádica. Mas se houver necessidade, no caso de extrema emergência, você poderá levá-la para o seu chalé. É evidente que isso não deve se repetir toda vez que ela precisar ficar por aqui.
-Claro que não, imagina, apressou-se em dizer Nicole.
-Não foi muito fácil convencer Madre Louise. Ela chegou inclusive a se preocupar com a possibilidade de se estabelecer um vínculo empregatício ou algo do tipo.
-Mas, perdoe-me o termo, que bobagem. Não acredito que a mãe da menina pudesse pensar em tal coisa.
-Claro que não. E depois, a rigor, Esther estaria aqui por duas ou três horas, esperando sua mãe vir buscá-la. Enquanto isso, teria a chance de praticar alguns ensinamentos ministrados nas aulas de caráter profissionalizante, explicou Irmã Virginia, levantando-se para ocupar o lugar ao lado de Nicole.
Nicole teve que se comprimir um pouco para que houvesse espaço para as duas. Com a perna de Nicole colada ao longo da sua, Irmã Virginia repentinamente se inclinou para murmurar ao ouvido de Nicole:
-E você, querida, ficou satisfeita agora?
Nicole não respondeu. Procurou afastar-se. Pensou em se levantar, mas achou que seria uma indelicadeza. Aproveitando-se dessa indecisão, Irmã Virginia beijou-lhe o rosto.
-Não faça isso, Virginia. Você sabe que não tem mais esse direito, disse Nicole, traindo-se no ar de seriedade que pretendia comunicar.
Percebendo-a vulnerável, Irmã Virginia tomou-lhe os ombros num segundo e lhe beijou os lábios com sofreguidão. Nicole ainda tentou empurrá-la, até mesmo com os joelhos, mas sucumbiu aos braços mais fortes da outra mulher que agora aumentavam a pressão do abraço. Praticamente imobilizada pelo ataque repentino, Nicole, em represália, procurou manter a boca fechada. Irmã Virginia, sem liberá-la, passou a agir com menos violência, lambendo-lhe os lábios e comprimindo seus seios contra os dela, já que estava praticamente sobre Nicole no sofá. Sabia que era uma questão de tempo. Nicole resistiu enquanto pôde. Ao sentir os movimentos dos quadris de Irmã Virginia contra os seus, percebendo que a calça do pijama dela havia provavelmente descido, abriu ligeiramente os lábios, permitindo que a língua de Irmã Virginia entrasse-lhe pela boca, o cheiro adocicado do incenso penetrando-lhe as marinas e convidando-a a se abandonar. Afinal, acabara vencendo. Esther conseguira a bolsa de estudos. Nicole poderia agora se dar ao luxo de permitir a Virginia alguma compensação. Saberia depois como proceder para que Virginia entendesse que teria sido a única concessão. Dando curso a tais pensamentos, Nicole percebeu que já não desejava resistir à tentação de se mexer também. O que fez discretamente, talvez pretendendo comunicar a intenção de ainda querer se desprender. Mas suas mãos já cingiam as costas de Irmã Virginia, surgindo a vontade de descê-las um pouco mais e pousá-las sobre as ancas fartas da outra freira. Inteiramente senhora da situação, Irmã Virginia pode livrar-se por completo da calça do pijama e erguer o hábito de Nicole até a altura dos seios, sabendo que essa era a única vestimenta que cobria o objeto do seu desejo.
-Que macia, meu Deus. Cheinha como sempre, falou Virginia, ao espalmar a mão sobre a vagina inchada e gorda de Nicole.
Alegrou-se ao perceber que os grandes lábios de Nicole, imensos e afastados, estavam inteiramente molhados. Com o dedo médio trouxe à boca o mel transparente de Nicole. Logo em seguida beijou-a, sem que houvesse a mínima resistência agora. E depois, evitando precipitar-se, encaixou suavemente o sexo na vagina acolchoada de Nicole, tendo o cuidado de posicionar o grelo pontudo no meio da fenda para deslizá-lo no movimento de sobe e desce a que deram início.

Um comentário:

Aline Romariz disse...

Sempre bom te ler querido poeta!OBRIGADA POR ESCOLHER O SOPA.aDORO GUARDAR MEUS AMIGOS AQUI!