quinta-feira, 28 de junho de 2007

barco errante

se permitires que eu adoeça
sobre o teu corpo gostoso e macio
se permitires que até do frio
como de mim eu também me esqueça

se permitires que eu te aborreça
com o meu desejo agastado e sombrio
de te comer com a força e o brio
que vão fazer com que eu nunca padeça

se permitires que eu perca a cabeça
e te possua no meu desvario
de achar que és a cadela no cio
e eu o que de melhor te aconteça

se permitires que de mim me esqueça
sobre o teu corpo gostoso e macio
vou me sentir como o barco que o rio
vai conduzir pra que nunca apareça


Rio, 28/06/2007
Aluizio Rezende

terça-feira, 26 de junho de 2007

janela de frente pra rua

Querida Aline e amigos,
O conto "Irmã Nicole" faz parte do meu primerio livro Esperar Ainda Uma Vez (Papel Virtual, 2005) e terá continuidade no próximo domingo, com a postagem do segundo capítulo.

Por ora submeto o texto a seguir à sua apreciação e à dos amigos:


janela de frente pra rua

moças sobre a calçada
passando, de bem com a vida
coradas e bem nutridas
alegres, descompromissadas

janela de V-A-V
(vidro-almofada-veneziana)
por trás a figura humana
da velha agitada e curtida
que com sua face aturdida
a todos nós indicava
a dona de um olhar severo
a dona de um olhar austero
fingindo que nada olhava
a não ser o pó na janela
ou o vaso no peitoril

as moças sem olhar pra ela
passando alegres, sorrindo
e a velha como que exibindo
o rosto cansado, senil
que nem ela queria ver
e a rua sem nada a dizer
pro dia que ria de nós...


Rio, 26/06/2007
Aluizio Rezende

segunda-feira, 25 de junho de 2007

O CONTO PREMIADO.....




André Luís Gabriel que participou conosco do Varal em Campinas participou também de um concurso de contos promovido pelo SENAC - MG, onde o tema estabelecido para os trabalhos era "A Primeira Vez".André teve seu conto premiado e publicado na Revista Acadêmica do SENAC - MG. Para ler é só clicar no link abaixo
http://www.mg.senac.br/Revistasenac/edicoes/2edicao.htm

PARABÉNS GABRIEL!!!

domingo, 24 de junho de 2007

O Conto de Aluizio Rezende




Irmã Nicole

Capítulo I



Na clara manhã de inverno, da janela do apartamento podia-se ver a moderna locomotiva deslocando-se vagarosamente com seus vagões no sentido transversal da rua em que moravam. Mãe e filha viviam perto da estação terminal. O aluguel ali era barato.
-Já está pronta, minha filha? Você sabe que o colégio é um pouco afastado daqui. Pra lá só de carro mesmo.
-Já estou pronta, mãe. Você é que não termina de retocar a maquiagem, não é?
-Não seja por isso, querida, respondeu Francis, ajeitando depressa os longos cabelos com as mãos e pegando um casaco leve de lã sobre a cama.
-Quanto tempo daqui até lá, mãe?
-Devemos levar de vinte a trinta minutos, Estherzinha.
Francis estava separada há pouco mais de um ano e tivera que alugar um imóvel barato e perto da estação para poder ir de trem ao trabalho. Não recebia ajuda do marido que trocara Tampa por Toronto à procura de emprego. Ela mesma havia conseguido seu emprego há pouco mais de seis meses e queria dedicar-se inteiramente a ele. Precisava suportar as suas despesas e as da filha, de modo a terem uma vida digna. Carro só para os fins-de-semana. A Saint Madeleine Catholic School, uma escola católica de irmãs missionárias só para meninas e relativamente próxima ao local em que moravam, viera a calhar porque ali Esther ficaria de oito às 4:30 da tarde em total segurança e se mantendo ocupada com atividades estudantis, artísticas e até profissionalizantes. Menos uma preocupação. A idéia de não utilizar o ônibus escolar fora concebida por Francis como uma forma de favorecer o diálogo entre as duas, impedindo-o de ocorrer apenas em casa.
Ao entrar no carro, ficou por alguns instantes contemplando a figura da filha. Sentiu-se pesarosa por tê-la feito entender que era necessário esse novo regime. Ao imaginar que Estherzinha sentiria falta da mãe, sobretudo nos primeiros dias, sentiu pena da menina. Mas ela se acostuma. E apesar de não ser lá de muitas amizades, ela vai acabar se relacionando com alguém. Vai ser bom para ela aprender a se conduzir sozinha, a se proteger, adquirir anticorpos. Deixará de ser essa menina tímida e acanhada que tem sido até aqui. Talvez por minha culpa. No fim de três anos nessa escola, terá certamente perdido a inocência. Inocência que poderia estar dissimulada. Afinal ela já tinha 16 anos.
-Você vai ter que me esperar até às 6:30 todos os dias. O trem chega na estação às seis. Em trinta minutos ou menos um pouco mamãe chega. Nos primeiros dias, como hoje, vai ser chato. Mas depois, você pode aproveitar o tempo pra adiantar os trabalhos de casa, ler um livro.
-Não se preocupe, mãe. Vai dar tudo certo.
-Fique certa, meu bem, de que só faço isso porque, segundo as informações que tive, a escola é boa. E cobram pouco pelo que oferecem. As irmãs são missionárias mesmo, explicou Francis, olhando nos olhos da filha.
-É verdade, mãe, que as freiras são severas? Que podem bater na gente?
-Quê isso, menina! Esse tempo já passou. De qualquer modo, se acontecer algo nesse sentido, ou alguma outra coisa esquisita, espero que você conte pra mamãe, certo?
A escola compunha-se de algumas construções de um pavimento num amplo sítio sem vizinhos. Os mais próximos, em ambos os lados, distavam cerca de seis ou sete milhas. Uma cerca baixa de madeira pintada de azul e branco, com um largo portão azul no meio, decorava o jardim em frente ao prédio principal. Imediatamente ao lado direito dele, havia uma pequena capela. As construções eram contíguas. Do lado esquerdo, bem mais afastado e recuado, via-se um galpão comprido que depois Esther ficou sabendo tratar-se do refeitório. A ampla área na frente do galpão destinava-se ao estacionamento dos professores e visitantes.
Uma escada baixa de três largos degraus conduzia ao que parecia ser a secretaria da escola, na entrada do prédio principal. À frente do balcão, uma freira alta, rosto fino, de pele rosada, em que se sobressaiam grandes olhos azuis.
-Bom dia, Irmã Virginia. Como está a senhora? Sou a Francis, amiga da Dorothy.
-Eu sei, eu sei. Estávamos esperando por vocês. E essa menina bonita deve ser a Esther, sua filha. Que já vai ficar com a gente a partir de hoje, não é?, perguntou a freira com um sorriso de boas-vindas.
Para Dorothy aquela seria talvez a melhor escola de Segundo Grau de Tampa. Suas três filhas tinham estudado lá. Daí a indicação que fizera à amiga. Dissera a Francis que doze freiras viviam na escola, ou nesse pequeno convento. Apenas quatro delas lecionavam. Seis na verdade eram noviças: quatro cuidavam dos serviços gerais, incluindo o preparo das refeições, e duas trabalhavam na secretaria. As duas irmãs restantes eram Virginia e Madre Louise, a Madre Superiora ou Diretora da escola. Irmã Virginia era a sua assistente ou Subdiretora. A escola contava com professores contratados, a maioria deles homens. Havia ainda Adolphe, o motorista da Madre Louise, que cuidava também do jardim nas inúmeras horas de folga que tinha.
Apesar de ter apenas cerca de 56 anos, Madre Louise não circulava muito pela escola, conforme Esther pôde verificar depois. Todo o controle ficava por conta de Irmã Virginia, uma mulher alta e forte, de aparência nórdica e com cerca de 47 anos.
Após a recepção na secretaria, que não contou com a presença de Madre Louise, Irmã Virginia pediu a Suzana, uma das noviças no apoio à direção, que rapidamente mostrasse a escola a Esther, nos quinze minutos que faltavam para o início da primeira aula. Esther despediu-se da mãe com um beijo em cada uma das faces. Francis fingiu não notar os olhos marejados da menina. Em seguida, Esther saiu com Suzana.
Aos 38 anos Francis se considerava uma mulher de fibra e de luta, sobretudo depois de um relacionamento tempestuoso de onze anos com o marido. Mas isso estaria longe do suficiente para a impedir de chorar copiosamente ao entrar no carro e sair.
A ampla passagem entre o refeitório recuado e o prédio principal dava para um amplo pátio de terra batida. À esquerda, afastada do refeitório, havia uma quadra poli-esportiva com piso em concreto. Do lado oposto ao do refeitório ficava o dormitório das noviças. E no mesmo alinhamento do dormitório, como que delimitando a área do pátio interno, achavam-se as seis amplas salas de aula, com capacidade para cerca de 40 alunos. Atrás do dormitório e das salas de aula, e razoavelmente espaçados entre si, ficavam os seis chalés destinados às freiras que lecionavam. Apenas quatro achavam-se ocupados.
A aula do professor de Física tinha sido monótona e enfadonha. Esther ouvira dizer que quando o mestre domina a matéria, normalmente não consegue ter sucesso ao transmiti-la. Ficou na expectativa da segunda aula. Nos minutos que antecediam a entrada do próximo professor, que, aliás, começava a demorar, se deu conta de que havia cerca de 40 alunas na sala. As conversas ficavam cada vez mais animadas até que surgiu na porta a figura de uma freira de estatura média, a pele do rosto morena, o olhar sério dirigido a todas ao mesmo tempo. Ficou parada na porta, esperando que fizessem silêncio.
Quando nenhuma voz mais se ouvia, sem que a professora dissesse uma palavra, ela entrou na sala e colocou sobre a mesa os dois livros e o diário de classe que trazia. Iniciou a chamada, fazendo sinal com a mão para que a aluna se levantasse ao dizer o nome. O sinal não foi mais necessário a partir da terceira aluna. Esther percebeu que a professora olhava detidamente cada aluna que chamava com seus olhos castanhos, encimados por espessas sobrancelhas negras. Abaixo do nariz fino, os lábios grossos, ao invés de pronunciar, pareciam entoar o nome de cada aluna. Eram sons de música. Em pé atrás da mesa, com os braços apoiados sobre as costas da cadeira, o corpo que se escondia sob o hábito negro não deveria ser necessariamente magro, como se espera no caso de uma freira. Esther começou a aguardar com certa ansiedade a hora de levantar-se e responder “presente”. Como seria a pronúncia de seu nome com aquela tonalidade? Que pena ter apenas duas sílabas. Quantos anos deveria ter a professora que ainda não dissera seu nome? Esther deteve-se então na região dos seios da mestra, percebendo que o hábito não podia dissimular a proeminente elevação. Talvez uns 25, 27 anos ela deve ter.
-Esther.
Esther não se moveu. Inegavelmente não tinha escutado. Talvez tivesse ficado bloqueada ao ouvir a pronúncia das sílabas de seu nome como se fossem duas notas musicais.
-Esther.
Levantou-se dessa vez assustada e com uma ponta de vergonha. Alguns risos na sala. A professora podia pensar que ela teria brincado. Mas Esther lembrou-se de que seu nome havia sido entoado da mesma maneira que da primeira vez. Isso lhe dava a certeza de que a professora não achara que a aluna estivesse brincando. Alguns risos teimavam em continuar. A professora parou a chamada e olhou seriamente para toda a turma. O silêncio foi imediato. Esther já estava sentada. Antes de chamar a próxima aluna, a professora olhou mais uma vez na direção de Esther que teve a impressão de ver os grossos lábios da freira mexendo-se na configuração de um discreto sorriso. Seu rosto irradiava camaradagem e serenidade, embora pudesse tornar-se sério, como já tinha acontecido um pouco antes.
Ao final da chamada, a professora fechou o diário de classe sobre a mesa e dirigiu-se às alunas:
-Meu nome é Nicole. Serei a professora de Biologia de vocês. Estou contando com o fato de que todas estão aqui imbuídas da maior vontade de tirar proveito dos conhecimentos que meus colegas e eu tentaremos transmitir. Para que nossas aulas teóricas se tornem menos enfadonhas, é preciso que nos interessemos de verdade pelo assunto que estiver sendo transmitido. É preciso que, na medida do possível, procuremos imaginar uma aplicação prática em nossas vidas para o que aprendemos na escola. Se tivermos isso como o fundamento principal da nossa presença aqui, vocês verão que a questão de notas e promoção no fim do ano acabará se tornando uma simples conseqüência dessa nossa atitude. Nesse primeiro dia não vamos...
Muito diferente da aula anterior de Física. O professor entrara direto na matéria. Irmã Nicole não. Depois de seu discurso inicial, promoveu um animado bate-papo entre as alunas com a visível intenção de conhecer, senão todas nesse primeiro dia, a maioria delas. Tudo sem excessos ou tumultos, o que não foi difícil de ser alcançado, dado a um certo poder de encantamento da freira. As alunas perceberam logo que estavam diante de uma pessoa, senão carismática, com uma incrível capacidade de prender a atenção da turma.
ALUIZIO REZENDE

quarta-feira, 20 de junho de 2007

A HOMENAGEM DE PCOELHO !!!!





PRIMEIRO VARAL POÉTICO DE CAMPINAS!



Parecia mágica, ilusionismo, tantas

Rimas, deslumbres... Sorrisos que

Impregnavam a sala dos mais puros perfumes,

Mas, não poderia ser diferente, afinal... Brindávamos a Poesia!

Entrando no Centro Cultural Antimatéria de Campinas,

Impressionou-me a energia que emanava, encontrei-me na

Rota de brisas, ventos, ventanias...

Onde todos íamos tecendo a nossa própria história


Valorizando amizades, edificando a arte com

Alicerces rígidos, profundos, feitos nos mais puros

Risos, gentilezas, abraços, entremeados de

Amigos que nas alegrias, coloriam a festa com o

Lápis da humildade. Desenhavam sonhos...


Poetas, Declamadores, Músicos, davam

O acabamento final, pintando com tintas frescas,

Esperanças nas paredes do prédio.

Tesouros guardados não no

Improvável da habitualidade, mas sim, na amabilidade

Costumeira, presente por toda parte.

O sentimento, o dar sentido a vida, passeavam


De mãos dadas, pelos corredores do corpo,

E adentravam as janelas de nossas almas.



Campinas está de Parabéns!

Agradeço a Poetisa eAmiga Aline Romariz, o convite e a iniciativa do encontro

Meus agradecimentos também, aos Poetas, ao Público

Presente, e foi com esse entusiasmo que, sopramos a vela do bolo,

Incentivados no repartir de emoções

Não mais contidas, em cada um de nossos corações.

Amigos eu deixei, trouxe comigo a bagagem cheia de

Saudade, por tantas amizades que encontrei.




Agradeço de coração a todos que participaram desse evento cultural, com a certeza que muitos outros virão, proporcionando infinitas oportunidades, para o engrandecimento de nossas amizades.
PCOELHO

terça-feira, 19 de junho de 2007

TERESA.... I VARAL LITERÁRIO DE CAMPINAS


Perdão amor




Ah meu amor! Você não sabe nada sobre mim.
Não leu os meus olhos, no dia que te conheci?
Não viu a mensagem: Não saberei viver sem ti?
Hoje acena sorrindo, dizendo que chegou o fim.


Ah meu amor! Você não sabe nada sobre mim...
Esqueceu que jurou amor eterno? Eu não esqueci!
Continuo a afirmar: Que não saberei viver sem ti
Não se vá, conhece outro amor tão lindo assim?


Amor que guardo no peito é amor que não acaba
Amor de muitos anos, amor de uma única jornada
Amor que me fez feliz e eternamente apaixonada


Perdão meu amor, se no teu coração fiz morada...
Foi no calor dele que descobri o que é ser amada
Ah meu amor! Sem ti, meus versos... serão nada...



TERESA CORDIOLI


segunda-feira, 18 de junho de 2007

Gabriel.... I Varal Literário de Campinas



Empírico


Logicamente, a vida é que passa
ao largo dos enredos existenciais, ela devassa
a frágil imprecisão clara das aparências
ou não é o pensar que condiciona à existência?


Nem por isso viver não seja difícil
repensar os sentidos de existir é o exercício
finita prova calculada pelo tempo
às questões reformuladas, escrever e ir vivendo.



André Luís Gabriel
http://trajedia.zip.net

sexta-feira, 8 de junho de 2007

IMPERATIVO?


AMA-ME



Ama-me.
Ama-me agora!
Ama-me e ocupa-me.
Ama-me de longe – perto.
Ama-me amor!
Ama-me como eu te amo: Livre!
Ama-me em tuas visões,
Ama-me em teus suspiros,
Ama-me no limiar de um amor sem fim.
Ama-me mesmo que tenha fim.
Ama-me, porque tu queres amar, livre!



EDSON SANTOZ