Os poemas podem ser projécteis
que rebentam num peito libertário
ou tormentos que perfuram a pele
como aguçados ferrões de abelhas irritadas.
Podem ser ideias com asas
que vivas ou mortas tomam posse do papel,
onde pousarão outros olhos para tecer
o mel ou o fel nas entrelinhas do escrito.
Podem ser luas nuas ou cheiasque afagam com penas
ou agridem com os cornos
o juízo hospedeiro do leitor.
Os poemas podem ser pedras desmedidas,
setas certeiras ou rios a cair em cachoeiras.
Podem ser até
barulhentos destemperos de enxurradas,
burburinhos de sombras perseguindo a luzou a cedência às forças do desejo
embutido nas fraquezas da carne.
Os poemas podem ser tudo,
menos charcos açudados de vazios,
porque o canto ficaria inquinado de palavras.
Nilson Barcelli © Abril de 2007
2 comentários:
Obrigado pelo seu destaque.
Bom domingo, beijos.
Muito belo.
Beijos
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